Chamado ao Internacionalismo.

Nesta era de comunicação acelerada, a maioria da população entra no jogo do imediatismo sem perceber o porquê está no jogo.

Você sabe dosar o seu tempo nas redes sociais?

Diversos temas se apresentam num gradiente infinito de discussões. As redes sociais escancaram a qualidade das discussões.

Você percebe em qual nível de discussão se envolve? São debates prolíficos e esclarecedores ou competitivos e desorientadores?

Seja em debates presenciais ou virtuais, podemos nos observar e refletir sobre o porquê de nossas tendências por determinadas áreas do conhecimento humano.

Quando ingressei na formação em Relações Internacionais, deparei-me com questões personalíssimas, pois, sendo autodidata, não vislumbrava ingressar em curso universitário referente à área na qual atuava. Desejava expandir horizontes.

Isso exigiu autoconhecimento. Leitura das tendências pessoais e aptidões.

Já estudava temas correlatos à sociedade, política, Nações Unidas, universalismo, espiritualidade, evolução consciencial. E percebendo a aceleração das transformações no mundo, chamou-me a atenção o curso de RI, que proporcionaria uma visão de conjunto em relação às transformações sociais, ambientais, políticas, geopolíticas, econômicas, etc; a fim da ressignificação profissional.

Entendo que tudo está interligado, uns com os outros e nós com o planeta Terra.

Além da oportunidade de debates ricos e calorosos, o curso também ofereceu reflexões e aprofundamento do já dito processo de autoconhecimento.

Estava ciente de meus questionamentos. Com o que poderia atuar? Com quem? Para quê e para quem? Responder a estas questões pode levar algum tempo, mas traz maior segurança e direcionamento claro. Exige paciência, sem imediatismos.

O internacionalista, pesquisador e pragmático tem em mãos, penso, oportunidade e a reponsabilidade de ampliar não somente sua visão de mundo, mas também de si mesmo e de sua realidade íntima. A clareza de seu papel – nem mais, nem menos.

Algo tão pequeno como o vôo de uma borboleta, pode causar um tufão do outro lado do mundo – Teoria do Caos.

A Terra tornou-se pequena. As interrelações se estreitaram e com isso, as repercussões das ações humanas atingem a todos, seja em qual local o epicentro for.

Sobre o que estudamos sobre o atores nas Relações Internacionais, segundo Sarfati (2011, p. 30),

Do nível mais micro ao mais macro, podemos dizer que as teorias de Relações Internacionais consideram os seguintes tipos de atores em sua análise: indivíduos, órgãos burocráticos governamentais, estados, organizações intergovernamentais internacionais (oigs), organizações internacionais não-governamentais e outros atores não-estatais.

Pois bem; considerando a complexidade da sociedade internacional, todos somos indivíduos atuando em quaisquer dos níveis expostos nos estudos.

Como promovemos a evolução das Relações Internacionais? Começando pela evolução da consciencialidade pessoal?

Quando você olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você. (Friedrich Nietzsche)

Podemos estar cientes de nossos princípios e valores mais caros. Sermos coerentes com eles na vida é desafiante, pois todos temos a necessidade da sobrevivência num cenário competitivo.

Mas, já se deparou com o sentimento de algo que precisa ser feito, mas não sabe como e por quê? Já pensou em suas motivações para atuar enquanto internacionalista, ciente das repercussões recorrentes no mundo?

O presente quadro político, social, ambiental e econômico do Brasil e dos demais Estados no Sistema Internacional, escancara gradientes de obtusidade de ideias, extremismos, polarizações ideológicas, por carência de discernimento e senso crítico. Muito da transparência é eclipsada em nome da demagogia e interesses egoístas.

Vivenciamos crises de exemplarismo. A pesquisa por biografias de diplomatas e daquele que foi o expoente brasileiro na ONU, resgata e enriquece-nos de exemplos mais sólidos e produtivos, confrontando com as análises dos fatos atuais (ano base: 2021).

Para aqueles que sentem um chamado íntimo, coragem para evoluir; para assumirem seus lugares, de servir, seja no Brasil ou em outro país, cientes de uma inegociável ascensão universalista e pela paz.

E a pandemia escancarou nossos problemas no planeta Terra. Estamos no mesmo barco.

É moda, por meio da mídia, os atores clamarem pelos “líderes” nos diferentes contextos humanos. Mas penso este zeitgeist exigir reflexões mais profundas sobre a “Liderança Necessária”.

A autoconfiança será exigida, mas o melhor da história é que, poderemos nos reunir em qualquer parte do planeta, para o devenir das tarefas necessárias.


Bibliografia Consultada:

SARFATI, Gilberto. Teoria das Relações Internacionais. 1ª Ed. Saraiva. São Paulo, 2005.

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